Nosso BLOG

dez 24

As vantagens de utilizar uma abordagem sistemática

As vantagens de utilizar uma abordagem sistemática

A metodologia sistemática permite o acompanhamento constante de um grande número de ações, o que seria possível somente com uma equipe grande de analistas.

 

Abrangência e consistência

Podemos analisar a origem dos retornos de qualquer estratégia de investimentos decompondo-a entre seu índice de acerto e a abrangência da estratégia. O índice de acerto reflete a freqüência com que a estratégia encontra sucesso em suas “apostas” e a abrangência reflete o número de apostas realizadas.

Imagine, por um instante, que queiramos analisar o desempenho de um jogador de basquetebol. Podemos estudar o número de arremessos realizados e o índice de conversão de arremessos em cestas. A metodologia sistemática busca permitir que as estratégias de investimento arremessem mais e com melhor índice de conversão em cestas.

O processo de gestão fundamentalista típico de ações no Brasil envolve a construção de uma carteira razoavelmente concentrada, composta de 10 a 20 posições. Êxito nesse modelo de gestão exige, em geral, que se obtenham, ao menos, um ou dois grandes acertos por ano. Dois riscos são corridos: o primeiro é o de as apostas realizadas não irem suficientemente bem. O segundo é o de ficar de fora de posições vencedoras.

Em contraste, a metodologia de investimento sistemática permite uma solução distinta à questão da construção da carteira.

Partindo de uma construção bem mais diversificada (a carteira do Constância Fundamento FIA, por exemplo, tem mais de 100 ações), os retornos são explicados por um número grande de acertos menores. Ao invés de tentar matar o proverbial leão a cada ano, a construção sistemática procura identificar onde jogar uma rede com melhor chance de pescar um número grande de peixes.

Frequentemente, ações que passam por eventos corporativos positivos (aquisições, fusões, etc.) e experimentam um aumento significativo e repentino de preço, figuram no portfólio sistemático com pesos relevantes.

Afinal, se uma empresa está barata, tem qualidade, crescimento e baixo risco, ela é uma séria candidata a aquisição do controle por uma terceira parte que conhece o setor e está disposta a pagar um prêmio por isso.

Há benefícios também de consistência e risco. O processo de geração de retornos diversificados é replicável ao longo do tempo. O nível de diversificação é muito maior que as construções tradicionais, reduzindo o número e a importância de acidentes de percurso com ações individuais.

 

Agilidade

Estamos conectados com o sistema RAD (recebimento automático de documentos) da CVM. Sempre que um balanço é publicado, no dia seguinte nossos indicadores refletirão os novos dados disponíveis. O ranking dessa empresa será imediatamente reavaliado. Frequentemente, há novas informações de proventos e eventos corporativos. A cada dia há novas informações de preço. Tais dados são incorporados em nosso processo de forma quase imediata.

Diariamente, são calculados todos os indicadores, os fatores de risco e a carteira sistemática, com base na totalidade das centenas de ações incluídas no processo. Qualquer mudança brusca no ranking sistemático pode ser imediatamente percebida e analisada por nossa equipe de gestão.

Em contraste, o acompanhamento de grandes números de ações representa um desafio relevante a qualquer processo não sistemático. Em primeiro lugar, são necessários muitos analistas para acompanhar centenas de ações. Em seguida, é necessário um processo para incorporar toda a informação gerada pelos analistas ao processo de gestão. Não surpreende que a opção por gerir carteiras concentradas seja comum, pois respeita limitações humanas à capacidade de acompanhar responsavelmente muitas situações de investimento.

Disciplina

Outra vantagem, talvez menos óbvia, mas não mesmo importante, é o fato de o processo sistemático reduzir subjetividades, egos e paixões inevitavelmente envolvidos no processo decisório de investimentos.

Não é raro que excelentes analistas e gestores demorem para reconhecer problemas numa tese de investimentos cujos fundamentos começam a se deteriorar.

Isso pode ocorrer por muitas razões. O analista pode ter empenhado muito de sua reputação na tese e temer as consequências de seu insucesso, ter se envolvido emocionalmente no processo (a maioria de nós não gosta de admitir, para si ou para outros, que estava errado), ter desenvolvido relações pessoais com os dirigentes da empresa, temer tornar-se menos relevante enquanto as empresas que cobre não figurem alto da lista de compra, ou porque a especialização pode levar a enxergar a árvore, mas não a floresta onde há melhores oportunidades.

Por ser pré-definido e repetitivo, o processo sistemático tende a ser mais disciplinado e atuar no sentido de limitar o impacto dessas limitações comportamentais humanas.

Os indicadores reduzem o ranking de uma empresa cujos fundamentos começam a declinar no dia seguinte à publicação do seu balanço, sem angústia de carreira. Uma diminuição significativa no ranking indica que devem existir oportunidades melhores para empregar capital. Um processo sistemático não privilegia nenhuma empresa ou grupo de administradores por ligações pessoais.

Nossos gestores e analistas precisam contrastar suas visões e posicionamentos à luz desse processo sistemático, pois o modelo multifatorial é a espinha dorsal do processo decisório adotado na Constância Investimentos. Para manter em nossos fundos uma exposição significativa a uma ação que não esteja mais bem situada no ranking sistemático, é preciso conseguir explicar muito bem que informações não estão adequadamente refletidas pelo processo sistemático.

Da evolução do conceito de fatores de risco, ao emprego do factor investing no Brasil, passando pela adoção de metodologias sistemáticas e suas vantagens até chegar ao modelo de gestão da Constância Investimentos: confira toda a série de artigos, aqui!