Relatório de Gestão – Dezembro 2019
Relatório de Gestão – Dezembro 2019
Por Julio Erse, diretor de Gestão da Constância Investimentos
Os mercados de ações proporcionaram retornos excepcionais em 2019 mundo afora. O MSCI World, um índice representativo dos mercados acionários de todo o mundo, subiu impressionantes 24,9%.
Tal alta certamente colaborou para o bom desempenho do mercado no Brasil, que contou também com uma sólida melhora no ambiente econômico, com inflação sob controle, plena disponibilidade de mão de obra, consumo e investimento em recuperação e o encaminhamento de uma agenda de reformas desafiadoras, mas necessárias, para destravar o um nível de crescimento ainda acanhado. Soma-se a este pano de fundo favorável o fato de os lucros das empresas brasileiras estarem em franca recuperação, com perspectivas melhores que em qualquer momento na última década.
De fato, a alta dos últimos três anos pode, em grande parte, ser explicada pela exuberante recuperação do lucro das empresas. Para demonstrar tal fato, mostramos inicialmente (aqui) a evolução dos lucros agregados do grupo de aproximadamente duzentas empresas que compõem o “Universo” – um índice amplo do mercado acionário que utilizamos internamente na Constância Investimentos (o nome é uma referência a nosso “universo de cobertura”).
Em seguida, mostramos (aqui) como evoluiu a relação entre o lucro de um ano e o valor do mercado brasileiro desde 2004. Quanto mais alto esse valor, mais baratas as ações em relação à métrica de lucro histórico do último ano. Como observa-se facilmente, o mercado brasileiro ficou mais barato em relação ao lucro histórico desde 2016, apesar da forte alta de preços.
Vê-se que, por esta importante métrica de avaliação, a melhora dos resultados das empresas explica, isoladamente e com grande folga, todo o retorno do mercado. Num contexto em que as taxas de juros oferecidas pelo governo encontram-se numa mínima histórica, o ambiente para 2020 parece permanecer francamente favorável.
Outro indicador útil é o retorno patrimonial das empresas do mesmo Universo, que mede a lucratividade média das empresas em relação a seu capital. Como mostra este gráfico, a lucratividade tem exibido uma recuperação gradual desde 2016, mas ainda mostra muito potencial de melhora em relação a outros períodos de nossa história recente.
Investimento por Fatores de Risco
Na Constância Investimentos, desenvolvemos estratégias de investimento voltadas para o longo prazo, com foco na utilização de conceitos fundamentalistas, implementados por uma abordagem sistemática ou suplementada com gestão discricionária, em um processo de investimento multidisciplinar e organizado. Utilizamos grande quantidade de dados, processos computacionais robustos, o que proporciona algumas vantagens em relação às abordagens tradicionais, como maior diversificação na construção de carteiras, grande abrangência de cobertura, maior disciplina na análise e agilidade.
Na espinha dorsal desse processo, está o conceito de fatores de risco, que podem ser descritos como características individualmente associadas a retornos melhores que a média do mercado. Como os retornos de fatores de risco individuais são pouco correlacionados entre si, carteiras bem construídas e exposição equilibrada a vários fatores, podem apresentar consistência superior e produzir uma ótima relação entre risco e retorno.
Este quadro mostra como se agruparam os retornos de fatores acompanhados pela Constância Investimentos nos últimos 10 anos, em ordem decrescente de retorno em cada ano[1]. Pode-se observar de forma intuitiva como os retornos dos diferentes fatores exibem baixa correlação entre si (mudam sua ordem de ano para ano) e como seus retornos são persistentes (maior presença de retornos positivos que negativos).
Em 2019, os retornos dos fatores foram semelhantes aos observados no ano anterior: “crescimento” e “momentum” exibiram os melhores retornos, seguidos por baixo risco e valor, com qualidade apresentando um retorno ligeiramente negativo.
1- Para neutralizar o efeito direcional do mercado, mostramos aqui os resultados “long/short” de cada fator.
Constância Fundamento FIA
O fundo apresentou uma rentabilidade de 12,11%, no mês, comparada a uma variação de 6,85% do Ibovespa no mesmo período. O impacto líquido das operações de proteção da carteira foi +1,0%. No acumulado do ano, o fundo apresentou uma rentabilidade de 50,88%, comparada a 31,58% do IBOV. Em dezembro, a média da alta das ações que compõem a Bovespa foi 9,75%; no ano, essa média supera 45%.
Com uma carteira que em média carrega mais de 80 ações, a contribuição de ações individuais para o retorno não apresenta a relevância que tem em carteiras mais concentradas. As ações que mais contribuíram em 2019 foram TRIS3 (3,30 pontos percentuais) e CPLE6 (2,22 p.p.). As 30 ações que mais contribuíram para o retorno do fundo representaram somente metade do retorno total. Setorialmente, construção e energia elétrica apresentaram as maiores contribuições ao retorno.
A atividade de hedge custou 1,80% no ano. Buscamos sempre manter alguma proteção contra quedas fortes de mercado, como medida de prudência – basta lembrar que passamos por ao menos quatro realizações de preços superiores a 30% desde a crise de 2008. As proteções dificilmente conseguirão evitar prejuízos num cenário de forte queda, mas mesmo uma mitigação parcial aumenta a capacidade de comprar ações quando todos estiverem vendendo.
Da mesma forma que buscamos proteção em índices, moedas e ações, buscamos também boas oportunidades para comprar opções de ações que temos no fundo quando o custo não é alto. Esta atividade teve rentabilidade boa e as estratégias de proteção somadas às de rentabilização contribuíram 0,33 p.p. ao retorno para o Fundo.
Confira todas as características, histórico e disclaimers do Constância Fundamento FIA aqui.
Constância Brasil FIA
O Constância Brasil FIA apresentou rentabilidade de 8,58% superando o Ibovespa que valorizou 6,85% em dezembro.
Na porção sistemática do portfólio, o destaque foram as ações de Kepler Weber, explicado mais pelo fluxo de fim de ano nas ações de menor capitalização do que outra razão específica da empresa. A ação subiu 34% no último mês do ano.
Os destaques positivos na porção discricionária foram novamente os papéis de PetroRio. Ainda repercutindo o bom resultado operacional do terceiro trimestre, as ações ganharam fôlego em dezembro depois da aprovação pelo CADE da aquisição do Campo de Frade antes pertencente à Petrobras. Depois de +26% em novembro, a ação valorizou-se outros 42% no mês.
Os destaques negativos na carteira como um todo foram as ações das empresas de proteínas que realizaram parte das altas expressivas do ano junto com o arrefecimento do preço do Boi Gordo e das outras proteínas no mercado internacional. Os desempenhos negativos foram Minerva (-13%), JBS (-9%), Marfrig (-7%) e BRF (-4%). Mesmo assim a perspectiva para essas empresas continua bastante favorável.
Além do setor de proteínas outro destaque negativo, mas que tem grande peso no Ibovespa, foram as ações da B3. O papel sofreu com a perspectiva de que possa ocorrer concorrência no mercado em que atua atualmente como monopólio. As ações desvalorizaram-se 10% em dezembro. A carteira fechou o mês com 80 posições.
O ano foi marcado pela mudança de estratégia de gestão no fundo Constância Brasil FIA. Tivemos apoio de nossos clientes e parceiros e agradecemos o voto de confiança depositado na Equipe da Constância Investimentos.
Fechamos 2019 superando o Ibovespa em 3,5 pontos percentuais (35,08% x 31,58%), em um ano de forte alta do mercado. Acreditamos que o mercado de renda variável continuará a premiar o investidor que corre risco no longo prazo conforme as reformas estruturais endereçadas pelo Governo forem colhendo seus frutos para a economia e a inflação continuar ancorada, mantendo a taxa de juros por um bom período de tempo em níveis historicamente baixos. Assim o círculo virtuoso se manterá por mais tempo aumentando a confiança no país.
Confira todas as características, histórico e disclaimers do Constância Brasil FIA aqui.
Constância Absoluto FIM
O fundo apresentou rentabilidade de 3,79% no mês e 15,04% no ano.
O Constância Absoluto FIM utiliza múltiplas estratégias, quase todas ligadas a renda variável. A proposta do Fundo é gerar retornos com baixa exposição direcional ao mercado.
A maior estratégia em termos de alocação foi Long/Short: o fundo carrega uma carteira comprada em 80 ações e vendida em número semelhante de empresas. Essa estratégia contribuiu com 7,44 pontos percentuais de retorno no ano. Outras estratégias incluem arbitragens, eventos, volatilidade e operações oportunistas, que em seu conjunto contribuíram 6,49 pontos percentuais de retorno.
Confira todas as características, histórico e disclaimers do Constância Absoluto FIM aqui.