A construção das carteiras de fatores de risco
Começamos nosso processo com o cálculo de indicadores. De forma simples, um indicador é uma característica quantificável que pode explicar o desempenho de uma ação ao longo do tempo: por exemplo, a relação preço/lucro de uma ação ou o retorno patrimonial de uma empresa. O primeiro indicador é uma medida de valor e o segundo de rentabilidade.
É intuitivo que investidores dêem preferência a ações que possuam valores satisfatórios para esses dois indicadores, ou seja, ações baratas em relação ao lucro e ações de empresas mais rentáveis. Quanto melhor for o valor desses indicadores, mais atraente é uma ação quando comparada às demais ações disponíveis.
Na Constância Investimentos, calculamos diariamente mais de 60 indicadores para as centenas de ações disponíveis no mercado brasileiro. Esses indicadores são agregados em cinco famílias que chamamos de fatores de risco: Valor, Qualidade, Técnico, Baixo Risco e Crescimento.
Como são construídas as carteiras sistemáticas
Para cada um dos mais de 60 indicadores que temos em produção, criamos uma carteira teórica, composta da seguinte forma: uma parte “comprada” com as ações de melhor pontuação no indicador e uma parte vendida com as ações com pior pontuação.
O valor financeiro das partes comprada e vendida são iguais – um long/short neutro chamado portfólio-indicador.
Os portfólios-indicador são estudados com base em seus resultados históricos simulados, produzidos a partir da informação disponível em nossos bancos de dados. Para tal, a carteira teórica é atualizada para cada período passado, utilizando-se as informações que estariam disponíveis no período a que se refere o cálculo.
Os portfólios-indicador são estudados isoladamente e em combinação com outros. Aqueles selecionados são agregados em portfólios-fator, que por sua vez são agregados no portfólio sistemático final.
Esse processo de agregação gera um portfólio altamente diversificado, com pesos distintos por ação.
Como os portfólio-indicador são long/short em sua base, as ações têm seu peso final aumentado pelos fatores em que pontuam positivamente e seu peso diminuído, ou mesmo anulado, por pontuações negativas em outros fatores. Para as ações de melhor pontuação final, esse processo de construção costuma atribuir pesos entre 3% e 4% na carteira sistemática final.
A carteira sistemática resultante é altamente diversificada em termos de emissor e tem uma exposição equilibrada a cada fator de risco.
Em simulações históricas, a carteira sistemática produz resultados consistentemente superiores ao Ibovespa, com métricas de risco e consistência mais favoráveis que o índice.
O peso final atribuído pelo processo a cada ação na carteira sistemática final é a espinha dorsal do processo de alocação da Constância Investimentos.
Uma abordagem sistemática como a que descrevemos acima tem diversas vantagens, mas este é assunto para o próximo artigo.